A mudança de hábitos alimentares e a tendência ao sedentarismo tem aumentado drasticamente a chance de doenças crônicas. Ao conjunto de alterações corpóreas e aumento do risco de mortalidade envolvido chama-se de síndrome metabólica.
Em dois anos seguidos, este assunto esteve presente na prova descritiva do REVALIDA!
Além de passar no teste, é muito importante saber este tema para o dia a dia da sua prática médica, afinal, diariamente irá se deparar com um paciente portador desta síndrome.
Epidemiologia
Quando se fala em síndrome metabólica, vem à mente o perfil dos norte-americanos, não é?
Mas, a síndrome metabólica está presente em nossa sociedade, impactando diretamente na sobrecarga dos serviços de saúde.
Os dados epidemiológicos variam dentre regiões, etnias e hábitos de vida. Então, a prevalência muda conforme a literatura em uma faixa de 10 a 84% dos indivíduos.
Agora, grave esta informação extremamente importante para a sua prova do REVALIDA: nos últimos anos, tem-se percebido um aumento da síndrome metabólica em crianças e adolescentes, o que traz consigo uma série de complicações (que serão relatadas nos próximos tópicos).
Definição
Provavelmente você está se perguntando como um indivíduo recebe o diagnóstico de síndrome metabólica, certo?
Segundo a Federação Internacional de Diabetes deve-se ter associação de obesidade central a dois ou mais dos seguintes critérios:
- Triglicerídeos com valor igual ou superior a 150mg/dL;
- Colesterol HDL igual ou inferior a 40 mg/dL em homens e igual ou inferior a 50 mg/dL em mulheres;
- Pressão arterial igual ou superior a 130/85 mmHg;
- Glicemia de jejum igual ou superior a 100 mg/dL.
Quanto à obesidade central (critério obrigatório segundo a IDF), deve-se ter em mente que ela é definida pela circunferência abdominal:
- Maior que 102 cm em homens;
- Maior que 88 cm em mulheres.
Há variações na definição conforme os órgãos e associações, mas em geral, os princípios são os mesmos. O que você deve ter em mente é que o paciente portador de síndrome metabólica traz consigo a predisposição ou mesmo o diagnóstico de outras comorbidades:
- Hipertensão arterial;
- Diabetes (ou pré-diabetes);
- Dislipidemia;
- Doença hepática não alcoólica;
- Hipotireoidismo;
- Câncer
Dentre outras. Sendo assim, a avaliação holística e o exame físico completo (sim, dos pés à cabeça) devem existir na sua prova REVALIDA!
Fatores de risco
Mas, o que leva indivíduos a desenvolverem a síndrome metabólica? Embora possa parecer um clichê na medicina, os fatores de risco envolvidos nesta e em outras doenças crônicas são sempre os mesmos:
- Tabagismo;
- Sedentarismo;
- Dieta rica em pró-inflamatórios;
- Estresse emocional;
- Tendência genética;
- Fatores socioeconômicos.
Quais os problemas?
Muito mais que saber definir a síndrome metabólica, você deve se preocupar com a cadeia de efeitos que existe no organismo deste paciente.
Hiperinsulinemia
Devido à alteração no metabolismo dos ácidos graxos, há uma tendência a hiperinsulinemia, que pode levar à resistência a insulina e disfunção de células beta-pancreáticas (envolvidas na secreção do hormônio em questão).
Com isso, o paciente torna-se um potencial portador de diabetes melito tipo 2, ou mesmo poderá desenvolvê-la no futuro.
Somam-se ainda os distúrbios hormonais. Em mulheres, por exemplo, aumenta-se a chance de desenvolver a síndrome dos ovários policísticos, infertilidade, e assim por diante.
Doença hepática
O fígado também sofre com a situação do organismo, podendo vir a desenvolver uma hepatite gordurosa não alcoólica, a qual pode evoluir à cirrose e/ou carcinoma hepatocelular.
Elevação de níveis pressóricos
Seja pela hiperativação do sistema renina angiotensina-aldosterona (SRAA) ou mesmo pelo hiperfuncionamento do sistema simpático, a pressão arterial tende a se elevar.
Aumento do risco cardiovascular
Portadores da síndrome metabólica têm 4 vezes mais risco de infartar e 3 vezes mais risco de ter um AVE quando se compara a população geral. Também, dobra-se o risco de morte súbita.
Câncer
O câncer ainda é uma incógnita para a medicina, mas já se provou que tal síndrome aumenta os riscos de desenvolver a doença. O câncer de mama, por exemplo, ocorre mais em pacientes portadoras de obesidade central.
Tratamento
O atendimento de um paciente portador de síndrome metabólico é algo difícil e complexo, visto que ele possui hábitos de vida e alimentares que dificilmente serão modificados.
Sendo assim, torna-se muito importante realizar a abordagem multidisciplinar, que deve envolver vários profissionais da saúde, com um objetivo principal: a perda de peso.
Quando o paciente conseguir emagrecer de modo saudável, todos os problemas tendem a reduzir. Mas, ainda assim, algumas desordens crônicas exigirão tratamento e acompanhamento permanentes.
A seguir, saiba o que pode ser feito por este indivíduo que porta uma série de riscos e comorbidades!
1) Ajuste alimentar
A dieta hipocalórica deve ser pensada em todos os casos. Para tal, conte com ajuda de um nutricionista.
2) Atividades físicas
Fugir do sedentarismo é imprescindível quando se fala em emagrecimento e controle da síndrome metabólica.
Aqui, o paciente pode escolher exercícios que lhe sejam confortáveis e tragam prazer.
3) Medicamentos
Uma série de medicamentos podem ser associados ao tratamento, com o intuito de promover a perda de peso. Mas, é preciso ter cuidado redobrado, visto que após a parada do fármaco, o indivíduo pode retornar ao seu peso normal.
Dentre as alternativas disponíveis no Brasil, estão:
- Orlistat;
- Sibutramina;
- Topiramato (uso off label);
- Bupropiona.
Os análogos de GLP1 (liraglutida) utilizados para a DM, também podem ser aplicados aqui. Porém, trata-se de um medicamento de grande custo, não sendo viável a todos os pacientes.
4) Cirurgia bariátrica
A cirurgia vem sendo cada vez mais utilizada com o objetivo de promover o emagrecimento e controle da síndrome metabólica.
Há duas técnicas principais (bypass gástrico e sleeve), sendo que o cirurgião deve ser o responsável pela escolha do melhor método.
Os critérios de inclusão estão constantemente em modificação, e assim, torna-se
viável avaliar o paciente como um todo antes de se tomar a decisão.
E então, está sabendo tudo de Síndrome Metabólica para o REVALIDA 2020?