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Pode ser sepse?

Introdução

Muitos já sabem que a sepse é a principal causa de morte nas Unidades de Terapia Intensiva ao redor do mundo. Além disso, ouvimos falar muito sobre durante a graduação e alguns até puderam acompanhar de perto um paciente com sepse durante o internato. Mas, mesmo assim, ainda há confusão nos critérios diagnósticos dessa doença e no seu tratamento. Siga a leitura para entender de vez como diagnosticar e tratar a sepse.

DEFINIÇÃO

A sepse é uma resposta inflamatória exagerada e potencialmente fatal do organismo em resposta a uma infecção documentada ou presumida, que cursa com disfunção orgânica. É importante lembrar que a síndrome da resposta inflamatória sistêmica (sigla SIRS, em inglês) não é mais incluída na definição, porque nem sempre é causada na vigência de uma infecção.

DIAGNÓSTICO

Todo paciente com infecção ou bacteremia está em risco de evolução para sepse. Existem dois escores padronizados muito importantes e amplamente utilizados para a tomada de decisões. Um deles define a sepse (SOFA), enquanto o outro estabelece o risco do paciente evoluir para sepse (qSOFA).

O qSOFA (do inglês quick Sequential (Sepsis-Related) Organ Failure Assessment) é facilmente calculado, uma vez que são utilizados três parâmetros, que podem ser avaliados à beira do leito. São eles: frequência respiratória, alteração da consciência e pressão arterial sistólica. É atribuído 1 ponto no escore a cada alteração identificada (veja abaixo), e uma pontuação maior ou igual a 2 está associada a pior prognóstico.

Frequência respiratória >= 22
Alteração da consciência (Glasgow <= 14)
Pressão arterial sistólica <= 100 mmHg

O escore SOFA (do inglês Sequential (Sepsis-Related) Organ Failure Assessment) que define a sepse, é mais elaborado e exige investigação laboratorial da função dos principais órgãos. São parâmetros avaliados pelo SOFA: sistema respiratório, sistema cardiovascular, sistema hepático, sistema de coagulação, sistema neurológico e sistema renal. A cada um desses itens pode ser atribuída uma pontuação de 0 a 4. Veja como calcular:

0 ponto 1 ponto 2 pontos 3 pontos 4 pontos
Respiratório

PaO2/FiO2

>= 400 < 400 < 300 < 200 com suporte ventilatório < 100 com suporte ventilatório
Coagulação

(Plaquetas/mm³)

>= 150 mil < 150 mil < 100 mil < 50 mil < 20 mil
Fígado

Bilirrubina (mg/dL)

< 1,2 1,2 – 1,9 2 – 5,9 6 – 11,9 >= 12
Cardiovascular

(drogas: mcg/kg/min)

PAM >= 70 PAM < 70 Dopamina < 5 ou dobutamina (qualquer dose) Dopamina (5,1 – 15) ou adrenalina <= 0,1 ou noradrenalina <= 0,1. Dopamina > 15 ou adrenalina > 0,1 ou noradrenalina > 0,1
SNC

Glasgow

15 13-14 10-12 6-9 3-5
Renal

Creatinina (mg/dL) ou débito urinário (mL/dia)

< 1,2 1,2 – 1,9 2,0 – 3,4 3,5 – 4,9

< 500 mL/dia

>= 5,0

< 200 mL/dia

Pelo SOFA é possível um escore de 0 a 24 pontos, e a sepse é definida quando o paciente tem 2 ou mais pontos. Devido a complexidade desse escore, ele não é utilizado na emergência, sendo o qSOFA utilizado como alternativa.

Num geral, pacientes em suspeita clínica ou já documentada de sepse geralmente apresentam hipotensão, taquicardia, febre e leucocitose. A presença de outros sinais e sintomas mais específicos podem ser sugestivos do sítio primário de infecção.

TRATAMENTO

Por se tratar de uma condição grave, o tratamento deve ser instituído imediatamente. É preconizado 5 intervenções, que devem iniciar dentro da primeira hora de diagnóstico do quadro, sendo chamado de pacote de 1h.

1. Dosagem lactato sérico – repetir se lactato inicial >= 2 mmol/L
2. Coleta de hemoculturas – se possível, antes da antibioticoterapia
3. Antibioticoterapia de amplo espectro
4. Administrar 30 mL/kg de cristalóide para tratar hipotensão ou lactato >= 4 mmol/L
5. Administrar vasopressor se hipotensão refratária à reposição volêmica

Pode ser utilizado oxigenoterapia suplementar em pacientes hipoxêmicos, assim como insulina regular intravenosa naqueles pacientes com duas glicemias consecutivas maiores que 18 mg/dL. Caso seja feito o uso da insulina, reavaliar o paciente a cada 1-2 horas para evitar hipoglicemia.

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